(Por Carlos Romero Carneiro)
Eu vi nascer o Hacktown. Estava ao lado dos meus amigos enquanto vislumbravam um festival capaz de aglutinar alguns dos maiores talentos do Brasil e do mundo, nos mais diversos segmentos, através de um exercício de diálogo que, à primeira vista, me parecia um sonho distante. “Como é que eles vão convencer aquele medalhão a deixar os seus afazeres para vir a Santa Rita, à sua própria custa, fazer uma palestra em um bar?” – matutava. Pois, com muito trabalho, conseguiram.
A primeira edição, em 2016, já começou com 500 participantes. Uma segunda dose, naquele mesmo ano, fez o evento duplicar. E os principais restaurantes da cidade, as escolas, praças, hotéis e o comércio de maneira geral, passaram a se beneficiar enormemente com a competência dos organizadores, movidos muito mais pelo entusiasmo de fazer algo bacana do que pelo desejo de criar um negócio lucrativo.
Durante o Hacktown, milhares de pessoas passaram a visitar a cidade, a ocupar as escolas, a encher os restaurantes, a consumir em bares, drogarias, cafés, lojas e padarias, a gerar parcerias com empresas e levar o nome (e o café) de Santa Rita do Sapucaí para além das montanhas que a circundam e que, por vezes, vendam os olhos de alguns moradores.
A maioria dos palestrantes, formada por produtores culturais, cientistas, artistas de renome, professores, empresários, produtores rurais e autoridades em diversos campos, são também os turistas que aquecem (e muito) o comércio, em uma época distante do calendário de nossas maiores festividades. Os mesmos músicos que vêm de fora, ocupam as praças e se revezam com alguns de nossos maiores talentos. Também consomem, abastecem os seus veículos, degustam um torresminho e passeiam com a carreta furacão.
No ano passado, soube de turistas que gravaram vídeos em um restaurante de Bela Vista. Não sei se não encontraram nenhum estabelecimento disponível por aqui ou se ficaram perdidos demais, mas saíram de uma palestra na ETE e foram terminar a noite do outro lado da serra. Neste ano, visitantes deverão lotar, não somente os hotéis de Santa Rita, como também da região. Soube que alguns turistas ficarão hospedados em Campos do Jordão! Sei de encontros que irão acontecer em restaurantes fora do eixo da programação oficial do HackTown, de casas alugadas para grupos de amigos e que uma série de iniciativas particulares estão programadas para acontecer.
Imerso neste ecossistema gigantesco, há uma intrincada cadeia que fortalece as estruturas econômicas, aumenta a busca por parcerias e gera oportunidades para todos. Mérito total de uma comunidade formada por pessoas que pensam coletivamente, que agem com competência e que empregam todas as suas capacidades para o bem comum. Viva Santa Rita!